Quando se trata de gatos, cada movimento pode querer dizer alguma coisa. Ronronando, miando ou mesmo piscando seus olhos, os felinos estão dizendo: “Olá”, “Vem me abraçar” ou “Cai fora, mãe”. Um grande número de donos de animais querem se conectar com seus companheiros peludos, muitas vezes ariscos, e especialistas dizem que há algo a ganhar com essas tentativas de comunicação.
Gatos são muito independentes e facilmente mal interpretados, diz Gary Weitzman, presidente e CEO da San Diego Humane Society, membro da organização internacional de resgate animal SPCA e autor do novo livro da National Geographic “How to Speak Cat” (“Como falar gatês”, em tradução livre). Ele tem como objetivo desvendar todo o mistério do que se passa na mente dos bichinhos ajudando as pessoas a discernir o que os gatos estão tentando transmitir.
O ativista explica que gatinhos podem fazer até 16 sons de “miau” diferentes, e normalmente só os emitem quando pessoas estão ao redor. Os miados podem ser sua maneira de pedir aos donos que os alimentem, façam carinho ou os deixem sair, e quase nunca funcionam como uma forma de comunicação entre gatos.
A diretora-executiva da Faculdade Americana de Behavioristas Veterinários e professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Texas A & M University, Bonnie Beaver, conta que isso acontece porque os gatos aprenderam que podem conseguir algo que querem se miarem para pessoas. Ela também é autora do livro “Comportamento Felino: um Guia Para os Veterinários”, de 2003.
Linguagem corporal
O significado de um arranhão ou um assobio agudo é bastante claro – algo entre “Não invada minha bolha, humano!” e “Vá se catar” -, mas os gatos podem falar de maneiras mais sutis, com seus olhos e caudas. Um piscar lento de um felino, por exemplo, é como uma piscadela entre amigos. “Piscar é como um beijo de gatos”, diz Weitzman.
Já o ato de deixar suas caudas retas e apontando para o teto equivale a um aperto de mão humano. Um gato levanta esse apêndice à medida que você se aproxima para mostrar que está feliz em vê-lo.
Testado e aprovado
Depois de ler o livro, Susan McMinn, de Tryon, no estado norte-americano da Carolina do Norte, estava ansiosa para experimentar o exercício de piscar lentamente com sua gata siamesa, Jade. “Eu sentei e pisquei lentamente para minha gata e ela piscou de volta. É claro que eu sei que ela me ama, mas agora sinto que entendo sua comunicação ainda mais”, conta.
Susan é dona de Jade há 10 anos e teve seis gatos ao longo de sua vida. Mesmo assim, ela acha que ainda tem muito a aprender. “E eu pensava que era uma especialista!”, brinca.
Basta ler os sinais
Weitzman afirma que até mesmo os movimentos de orelha ou bigodes significam algo que vale a pena prestar atenção. Se as orelhas de um gato estão planas, não chegue perto, porque ele está assustado ou tendo que enfrentar uma batalha. Por outro lado, um gatinho está feliz, calmo ou amigável quando seus bigodes estão naturalmente apontando para os lados. Duas vezes mais grosso do que um fio de cabelo humano e com raízes três vezes mais profundas, os bigodes os orientam, os ajudam na hora de capturar uma presa e mostram como eles estão se sentindo.
Aprender a se comunicar com os gatos se torna ainda importante para aqueles que adotam um animal de estimação com base apenas na cor ou raça que querem, ao invés de procurar um animal com o qual tenham uma conexão.
No Happy Cats Sanctuary, em Medford, Nova York, um potencial proprietário pode chegar no local e pedir por um gato branco com pelo macio, por exemplo. Contudo, a diretora de comunicações e de desenvolvimento da instituição, Melissa Cox, aconselha que os futuros donos de animais não procurem apenas pela aparência, porque só se pode verificar com certeza a compatibilidade entre animal e dono passando tempo juntos, para que possam se conhecer. Talvez, vale a pena também dar uma olhada na obra de Weitzman e tornar tudo mais fácil.
este texto esta no site: http://hypescience.com/
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